domingo, junho 23

Capitão da PM é indiciado por crime no Veneza

Oficial da PM é apontado como autor intelectual, em meio a conflito de triângulo amoroso 


O Capitão da Polícia Militar Charles Clemencius Diniz Teixeira foi indiciado pela Polícia Civil sob acusação de ser o mentor de um duplo homicídio ocorrido há seis anos que vitimou o mecânico Diunismar Vital Ferreira, o “Juninho”, de 41 anos, e o instalador de máquinas José Maria, 58 anos. O caso foi acompanhado pela força-tarefa do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da PC que atua em Ipatinga na investigação de pelo menos 14 crimes ainda não esclarecidos. O inquérito concluso foi encaminhado ao Ministério Público e cabe ao órgão oferecer ou não a denúncia contra o policial.

O oficial da PM foi apontado no inquérito como autor intelectual do duplo assassinato. O crime ocorreu na noite do dia 8 de fevereiro de 2007, na avenida Macapá, no bairro Veneza I. Diunismar estava sentado na mesa da mais tradicional padaria do núcleo habitacional e comercial, quando dois homens em uma motocicleta chegaram ao local e efetuaram vários disparos. Juninho foi alvejado com quatro tiros de pistola semiautomática calibre 380. José Maria, que estava próximo, também acabou sendo baleado por um disparo, embora não tivesse qualquer ligação com os fatos que teriam motivado o crime. Chegou a ser socorrido para o hospital, onde morreu durante um procedimento cirúrgico. Ele trabalhava em manutenção de máquinas de postos de combustíveis, estando na cidade em serviço.

Este era um dos inúmeros trabalhos investigativos do repórter policial Rodrigo Neto, assassinado no dia 8 de março deste ano. Durante anos, o jornalista trabalhou para que o duplo homicídio não caísse no esquecimento e que os culpados fossem punidos. O inquérito policial do crime tramitou na 1ª Vara Criminal de Ipatinga e esteve nas mãos no MP por pelo menos oito vezes entre março de 2007 e agosto de 2011. 

MOTIVAÇÃO
A Polícia Civil não tem dúvidas de que o crime tenha motivação passional. Isto porque a namorada de Diunismar mantinha um relacionamento às escondidas com o Capitão Charles. Consta no inquérito que “Juninho” então teria passado a ter uma relação conturbada com a namorada após descobrir as traições dela com o policial. “Está claro pelos depoimentos testemunhais anexados aos autos do inquérito policial que ninguém mais tinha interesse na morte da vítima Diunismar senão o próprio investigado Charles”, diz trecho do inquérito. 

Sem ter coragem de propor separação, o mecânico teria então passado a agredi-la fisicamente, o que provocou uma rixa ferrenha com o militar. As investigações apuraram também que Diunismar passou a fazer ameaças ao capitão e também ser ameaçado por ele. Por causa da rivalidade entre os dois o oficial foi transferido para Belo Oriente. 

DISCUSSÃO
Testemunhas ouvidas à época do crime pela reportagem do jornal VALE DO AÇO disseram que a namorada de Diunismar esteve na padaria momentos antes do duplo homicídio. A mulher discutiu com a vítima e depois foi embora. Contudo, ela negou qualquer participação no crime e em seu depoimento defendeu o policial. O capitão também negou qualquer participação no duplo homicídio. 

DO MESMO JEITO
Diunismar e José Maria foram mortos com o mesmo ‘modus operandi’ em que o jornalista e bacharel de Direito Rodrigo Neto de Faria foi assassinado no último dia 8 de março, no bairro Canaã, enquanto entrava em seu carro depois de sair de um churrasquinho. 
Semana passada, duas pessoas foram presas suspeitas de envolvimento na morte do repórter policial. O investigador Lúcio Lírio Leal, de 22 anos, e Alessandro Neves Augusto, de 31, são acusados de participarem diretamente no homicídio, embora a polícia ainda não tenha dado maiores informações a respeito.

Conforme as investigações feitas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Lúcio Lírio seria o responsável por repassar aos assassinos as informações sobre os passos de Rodrigo Neto, mas não há outros detalhes até o momento. Já Alessandro está sendo apontado como o homem que atirou cinco vezes contra o jornalista. Os disparos acertaram a cabeça, as costas e o lado esquerdo do peito do jornalista. Ainda resta saber quem teria interesse na morte de Rodrigo Neto e a real motivação. O mandante e a dinâmica do crime deverão ser divulgados nos próximos dias, conforme anunciou a Polícia Civil do Estado. 



Fonte: Jornal Vale do Aço

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