terça-feira, abril 30

Rótulo "Bolivariano" é o novo tomate contra o PT


Parecia apenas mais uma tomatada ideológica da revista Veja. No fim de semana, sob o título "A República Bolivariana do Brasil", a publicação acusava o PT de tentar esmagar a democracia no Brasil. Tudo porque o deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) havia apresentado, dois anos antes, uma Proposta de Emenda Constitucional, a PEC 33, que amplia o quórum para que o Supremo Tribunal Federal tome algumas decisões relacionadas a Ações Diretas de Inconstitucionalidade. O objetivo, em vez de combater a separação entre os poderes, cláusula pétrea da Constituição Federal, é justamente fortalecê-la, uma vez que o STF tem sido useiro e vezeiro em invadir a seara alheia, anulando, muita vezes de forma liminar, decisões tomadas pela maioria do Parlamento. Por isso mesmo, o projeto, relatado pelo deputado tucano João Campos (PSDB-GO), foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, da Câmara dos Deputados.
No entanto, o que deveria ser apenas um projeto a mais em tramitação no Congresso Nacional deu vazão a um discurso histérico contra o PT – e a mais uma agressão institucional contra o parlamento, cometida pelo ministro Gilmar Mendes, que, numa liminar, impediu a tramitação de um projeto sobre fidelidade partidária aprovado pela Câmara dos Deputados. Agindo politicamente, Gilmar condenou a decisão dos parlamentares, como se, numa democracia, fosse crime ter maioria parlamentar e exercê-la.
O problema é que a imprensa tradicional, em vez de criticar a decisão de Gilmar, que poderá ser corrigida pelo plenário do STF em maio, tem-se concentrado em espalhar a tese do bolivarianismo. Ontem, Ricardo Noblat, colunista do Globo, acusou o PT e a própria presidente Dilma Rousseff de patrocinarem golpes contra a democracia (leia mais aqui). Hoje, Reinaldo Azevedo afirma que o PT inveja a Bolívia, onde Evo Morales conseguiu autorização para concorrer a um terceiro mandato (leia aqui). E o mais curioso é que nem Lula, nem Dilma jamais mexeram nas regras eleitorais. Foi FHC quem aprovou a emenda da reeleição e é agora Aécio Neves quem pretende acabar com ela, porque assim terá condições de costurar um pacto com Eduardo Campos.
O rótulo "bolivariano" inspirou também a colunista Dora Kramer, do Estadão, que, a pretexto de comentar o documentário "O Dia que durou 21 anos", sobre a ditadura militar, alerta para o risco que o PT hoje representaria para a democracia. E fez também o jornal O Globo afirmar, em editorial, que o "bolivariano" Partido dos Trabalhadores tenta arrancar cláusulas pétreas da Constituição Federal.
Leia abaixo o artigo de Dora:
Lição do abismo - DORA KRAMER
O Dia que Durou 21 Anos é um documentário para ser visto e compreendido em duas dimensões, a explícita e a implícita. Trata da influência do governo dos Estados Unidos no golpe militar de 1964, mas não é só isso.
Subjacente às urdiduras norte-americanas no Brasil, o argumento do jornalista Flávio Tavares confere nitidez à linha tênue que separa as palavras ditas das intenções pretendidas quando o nome do jogo é Poder.
No filme, Newton Cruz, um dos mais coléricos personagens do período, diz uma frase que surpreende pela autoria e deixa patente a diferença entre o discurso de defesa da democracia que justificou a conspirata para derrubar João Goulart e a prática que logo revelaria o intuito de instalar uma ditadura militar longeva no País.
"Disseram que iriam arrumar a casa, mas ninguém leva 20 anos para arrumar uma casa", aponta o aposentado general quase ao final dos 77 minutos de projeção. Para além do relato em si, a constatação convida o pensamento a passear pelo terreno das razões alegadas e dos métodos utilizados por aqueles com vocação autoritária.
Gente refratária ao contraditório, obstinada na perseguição de seus objetivos, convicta de que seus fins justificam o emprego de quaisquer meios e, sobretudo, partidária da ideia de que alternância no exercício do poder é praticamente um crime de lesa-pátria.
O procedimento mais tradicional observado nesses grupos é o uso da força, a truculência sem ambiguidades, a ilegalidade impudente. Assim foi a partir daquele dia de março/abril do qual se ouvirá falar muito, junto com Copa e eleições, em 2014 por ocasião da passagem de seu meio século.
Há, porém, outras maneiras de o autoritarismo se expressar. Ladinas, sorrateiras, mas sempre ao abrigo do discurso de defesa de ideais democráticos. Ambas as formas são perigosas, mas a segunda pode ser mais ruinosa justamente porque não ataca de frente preferindo comer o mingau pelas beiradas.
Persistentemente, construindo o cerco à atuação dos adversários, o enfraquecimento das instituições e a debilitação dos instrumentos de guarda da legalidade, nos detalhes. Um aqui, outro ali, sem nunca descuidar de distribuir benesses pontuais e promover uma sensação geral de bem-estar a fim de que seus propósitos não despertem reações.
E, se despertarem, que possam ser atribuídas aos invejosos, aos conspiradores, aos preconceituosos, aos inimigos do povo, aos que não se conformam com o êxito dos locatários do poder que pretendem dele se tornar proprietários.
De onde é preciso estar atento. Não se deixar confundir nem iludir. Nunca menosprezar gestos aparentemente laterais, insignificantes, pitorescos até.
Nada tem de inocente a proposta apresentada por um deputado supostamente secundário do PT para que se derrube o pilar do sistema republicano de equilíbrio entre Poderes e se submetam decisões da Corte Suprema ao crivo do Legislativo ou de plebiscitos.
Não houvesse imprensa livre para denunciar e Judiciário independente para reagir, a proposta poderia prosperar. Se hoje tivéssemos o conselho de controle e fiscalização dos meios de comunicação proposto no início do primeiro mandato de Lula, se os ministros indicados por governos do PT ao STF tivessem se curvado à lógica de que à indicação deveria corresponder conduta submissa, talvez a ideia do deputado Nazareno não fosse tratada como a ignomínia que é.
De onde é preciso prestar muita atenção à tal de Comissão Especial de Aprimoramento das Instituições instalada em novembro na Câmara por iniciativa do PT, com a tarefa de rediscutir os papéis do Executivo, Legislativo e Judiciário.
Disso já trata a Constituição que, uma vez respeitada, cuida bem de manter afastados do Brasil os males do arbítrio.
Leia ainda o editorial do Globo:
Jogando fora as cláusulas pétreas - EDITORIAL O GLOBO
Fúria legiferante do PT passa por cima da boa tradição jurídica, e flerta abertamente com o modelo bolivariano
Temporariamente esfriada a tensão entre o Congresso e o Supremo, continuam a germinar na beira do campo propostas que visam a constranger o STF, culpado da ousadia imperdoável que foi o julgamento do mensalão. Desde julho de 2012, existe uma entidade criada pelo ex-presidente da Câmara, Marco Maia, que atende pelo sugestivo nome de Comissão Especial de Aprimoramento das Instituições Brasileiras. A ela foi entregue, pelo sucessor de Maia — o deputado Henrique Alves —, o nada modesto projeto de “delimitar o terreno do Executivo, do Legislativo e do Judiciário”.
Qualquer pessoa de bom-senso imaginaria que isto é função de uma Assembleia Constituinte. Mas não há limites para a imaginação de alguns legisladores do PT — como o deputado Nazareno, que surgiu de capa e espada, dentro da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, para alterar os pesos e medidas do nosso sistema institucional.
Agora temos outro legislador-mor: é o deputado Rogério Carvalho (PT-SE), relator da mencionada Comissão de Aprimoramento das Instituições Brasileiras. Para ele, a fixação de limites e competências dos Poderes é o “debate central” da comissão (pensava-se que esses limites e competências já estariam inscritos na letra da Constituição).
A intenção do deputado, explicada antes mesmo de qualquer debate, é fortalecer os poderes eleitos (Executivo e Legislativo), sob o argumento de que o julgamento das urnas proíbe a formação de “instituições absolutistas”. A essa pecha submete o deputado a antiga ideia de Montesquieu, a do equilíbrio dos poderes. O que o deputado pretende é exatamente desmanchar esse equilíbrio recorrendo ao voto popular. Modelo que o chavismo praticou até arrasar com as instituições venezuelanas.
Sociedades, com certeza, não são mecanismos estáticos. Pode haver o desejo de adaptar o texto constitucional a novas necessidades. Mas há limitações para isso, destinadas a evitar uma deformação contínua do tecido constitucional. O exemplo extremo é o dos EUA, cujo texto constitucional mantém-se impávido há 200 anos.
Segundo uma sábia tradição, o poder de reforma não é o mesmo que o poder constituinte original. Exemplo disso são as famosas cláusulas pétreas, que não podem ser modificadas. Sua função é prevenir um processo de erosão da Constituição. Pretende-se evitar que a sedução de apelos próprios a cada momento destruam um projeto duradouro. Assim, diz o artigo 60 da Constituição brasileira: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação dos poderes e os direitos e garantias individuais”. Os legistas do PT precisam ler a Constituição.
Fonte: vgnoticias
















Poder de fogo

Série Poder de Fogo aborda a polêmica sobre a venda de armas de brinquedo.

O estatuto do desarmamento proíbe as réplicas e simulacros, mas abre uma exceção para as armas de brinquedo usadas em treinamento ou para que faz coleção. Veja como os bandidos utilizam esse tipo de material na quarta reportagem da série.



Reportagem da série "Poder de Fogo" mostra o arsenal dos colecionadores de armas.



O que leva uma pessoa a gastar tempo e dinheiro com armas e com disparo de munição nos estandes de tiro? E uma polêmica: adolescentes estão preparados para usar uma arma, mesmo que para tiro esportivo? 

Armamentos pesados ainda circulam no País nas mãos erradas



A campanha do desarmamento revela o submundo do arsenal que mata quase quarenta mil brasileiros por ano. A ostentação de poder nos morros cariocas onde o tráfico ainda manda

Fonte: Jornal da Record








Vídeo mostra festa na Penitenciária de Chapecó com agentes e detentos


Secretaria de Justiça vai abrir sindicância para apurar confraternização. Deap reuniu imagens  informações para enviar à Corregedoria.

Nesta segunda-feira (29), o Departamento de Administração Prisional (Deap) vai encaminhar o vídeo e informações para que a Corregedoria possa abrir a sindicância no período da tarde. Segundo informações do Deap, a festa foi realizada no dia 13 de abril e o vídeo, que foi postado na internet, mostra detentos e agentes penitenciários.
A investigação da Corregedoria será no sentido de identificar as pessoas que aparecem nas imagens, com ajuda do Deap. O diretor da penitenciária, Dirceu Rodrigues da Silva, foi comunicado informalmente que estão suspensas as confraternizações dentro da unidade prisional. Nesta segunda (29), será enviado um comunicado oficial sobre o assunto.
Após investigação da Corregedoria, os agentes penitenciários e detentos devem responder um processo administrativo. O diretor da penitenciária disse que só vai se manifestar oficialmente sobre o caso depois que for solicitado pelo Ministério Público.

Fonte: G1

segunda-feira, abril 29

Capitão é preso suspeito de fraude em concurso da Polícia Militar

Ex-policial José Carlos Eulálio também é suspeito e está foragido. Rapaz que fazia provas teria recebido gabarito pelo celular.

Capitão Daílson da Silva está preso no quartel da PM (Foto: 
Reprodução / Inter TV Grande Minas)
 Capitão Daílson da Silva está preso no quartel da PM
Um capitão da Polícia Militar foi preso nesta segunda-feira (29), suspeito de participar de fraude no concurso público da corporação realizado neste domingo (28). Um ex-militar está foragido e também é apontado como participante do susposto esquema. São eles: Daílson da Silva e José Carlos Eulálio.

O concurso da Polícia MIlitar de Minas Gerais teve 124 mil inscritos, sendo 10.270 em Montes Claros. Para o Norte de Minas são disponibilizadas 30 vagas, das 1.600.
Segundo informações do boletim de ocorrência, a fraude teria sido descoberta após um candidato ter esquecido um celular depois de sair da sala de exame, na escola estadual Delfino Magalhães. Um sargento que aplicava a prova viu o aparelho e suspeitou ao ver que haviam 39 chamadas não atendidas, em um curto espaço de tempo, no momento da realização do concurso.
Sala de aula onde candidato deixou celular (Foto: Michelly 
Oda / G1) 
Sala de aula onde candidato abandonou celular

Após levantamentos, os policias chegaram ao candidato Carlos Alves da Silva, de 27 anos, morador do bairro Alto da Boa Vista. Ele informou que abandonou o celular depois de receber o gabarito da prova, que teria sido enviado por José Carlos Eulálio, ex-cabo da PM, que foi expulso da corporação após ter sido condenado pelo assasssinato de um empresário de Montes Claros, em 2004.
José Carlos Eulálio teria entrado em contato com o candidato para combinar o local para o pagamento da suposta fraude. Com essa informação, os policiais foram ao encontro do ex-cabo, que percebeu que estava sendo monitorado e fugiu de carro pela BR-251. Ao se dirigir para a comunidade de Campos Elízios, ele bateu o carro e neste momento foi reconhecido pelos militares. Após uma troca de tiros, o suspeito entrou em um matagal.
No carro de José Carlos, foram localizados pontos eletrônicos e diversos celulares, além de documentos que faziam referência ao capitão da PM, Daílson da Silva. A partir dessas informações, a juíza Maria Isabele Freire expediu mandados de busca e apreensão e de prisão. O militar foi preso em casa.
Estrada rural por onde ex-militar fugiu (Foto: Michelly Oda /
 G1) 
Estrada rural por onde ex-militar fugiu após sair da
BR-251
"Cumprimos o mandado de prisão preventiva e a investigação segue para a delegacia responsável. O material apreendido será analisado. O suspeito esteve aqui, na presença do advogado e permaneceu em silêncio", diz o delegado Alessandro Ladeia.
O capitão Daílson da Silva está sob a custódia da Polícia Militar, o ex-cabo José Carlos Eulálio encontra-se foragido e o candidato, Carlos Alves da Silva também está preso.
 
Posicionamento da Polícia Militar
 A PM informou que a ainda não há comprovação da participação do capitão Daílson da Silva na tentativa de fraude e que o caso está sendo investigado. O órgão ressalta ainda que "não coaduna com qualquer prática delituosa e, caso seja realmente comprovado o envolvimento de mebros da Corporação na situação, serão adotadas as providências administrativas e penais pertinentes."

Fonte: G1

PF prende secretários do meio ambiente do RS e da capital e mais 16.



Entre os  detidos na operação da Polícia Federal no Rio Grande do Sul está o secretário estadual do meio ambiente, Carlos Niedersberg.


Pelo menos 18 pessoas foram presas na manhã desta segunda-feira na Operação Concutare da Polícia Federal (PF) do Rio Grande do Sul. A ação buscar reprimir crimes ambientais e contra a administração pública, além de lavagem de dinheiro. Entre os detidos estão o secretário do meio ambiente do Estado, Carlos Fernando Niedersberg, o secretário municipal do meio ambiente de Porto Alegre, Luiz Fernando Záchia, e o ex-secretário estadual de meio ambiente, Berfran Rosado. 

Segundo a assessoria de imprensa do governador do Estado, assim que soube da ação da PF, Tarso Genro (PT) imediatamente decidiu pelo afastamento do secretário Niedersberg. O governador está em Israel em uma missão de negócios no Oriente Médio. 

O advogado de Záchia explicou que seu cliente foi preso por volta das 6h de hoje e que a prisão preventiva tem prazo de cinco dias. "Pela tarde vamos no TRF (Tribunal Regional Federal) para tomar ciência das acusações. Tive contato com ele, mas não temos ciência das imputações contra ele", afirmou Rafael Coelho Leal.
Em nota divulgada no site da prefeitura de Porto Alegre, Fortunati determinou o afastamento de todos as pessoas apontadas na investigação, que ocupem cargos no serviço público municipal, até o fim do trabalho da PF. "Não se trata de qualquer julgamento prévio, mas de uma iniciativa para preservar e garantir a total transparência ao processo”, afirmou o prefeito.

Ao todo, estão sendo cumpridos 29 mandados de busca e apreensão e de prisão temporária expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. As prisões estão sendo efetuadas nos municípios de Porto Alegre, Taquara, Canoas, Pelotas, Caxias do Sul, Caçapava do Sul, Santa Cruz do Sul, São Luiz Gonzaga, no Rio Grande do Sul, e em Florianópolis, Santa Catarina.

Ao todo, 150 policiais federais participam da operação. A investigação começou em junho do ano passado pela Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e ao Patrimônio Histórico (Delemaph) e pela Unidade de Desvios de Recursos Públicos da Polícia Federal no Rio Grande do Sul e identificou um grupo criminoso formado por servidores públicos, consultores ambientais e empresários. Segundo a Polícia Federal, os investigados atuam na obtenção e na expedição de concessões ilegais de licenças ambientais e autorizações minerais junto aos órgãos de controle ambiental.

A operação foi denominada Concutare, termo com origem no latim, que significa concussão. Os investigados serão indiciados por corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, crimes ambientais e lavagem de dinheiro, conforme a participação individual de cada envolvido.

Em entrevista ao Jornal Estadão Ministro afirma que ‘A redução da maioridade penal só favorece o crime’


Ministro da Justiça critica discussão, diz que qualquer tentativa de mudança na lei é inconstitucional e que os presídios brasileiros são escolas de criminalidade. 

No ápice da mais recente crise entre Congresso e STF, o ministro da Justiça prefere manter distância. Não significa que José Eduardo Cardozo seja um homem sem opinião. Principalmente quando o assunto é a redução da maioridade penal: “Sou contra. Quem achar que, com uma varinha mágica, vai resolver a questão da criminalidade, está escondendo da sociedade os reais problemas que a afligem”.
 A afirmação vem justamente no momento em que a Câmara discute mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente – entre elas a proposta do governador Geraldo Alckmin de ampliar de três para oito anos o prazo de internação de menores infratores. “Qualquer tentativa de redução da maioridade penal é inconstitucional”, afirma. A criminalidade, ressalta, não tem respostas simplistas. 
O paulistano, que completou 54 anos no último dia 18, passou o aniversário em Brasileia, no Acre. Acompanhava os trabalhos de força-tarefa montada para receber a massa de imigrantes haitianos que chegam ilegalmente à cidade por meio dos chamados “coiotes”. “É um ministério que vai da toga à tanga”, brinca. 
Na militância política desde os tempos do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da PUC, Cardozo tinha 28 anos quando assumiu o primeiro cargo público, como secretário de governo da então prefeita de São Paulo Luiza Erundina. De lá para cá, perdeu a privacidade. Supermercado e cinema? Só com seguranças. Nos poucos momentos em que está só, vai para o piano. Ou mergulha na leitura. Hoje, em sua cabeceira, repousa El Hombre que Amaba a los Perros, do cubano Leonardo Padura. “Isso me relaxa.” 
A seguir, os principais trechos da entrevista.  
O Brasil voltou a discutir a redução da maioridade penal. O senhor é a favor?
Tenho uma posição consolidada há muitos anos: sou contra a redução da maioridade penal. A Constituição prevê inimputabilidade penal até os 18 anos de idade. É um direito consagrado e uma cláusula pétrea da Constituição do Brasil. Nem mesmo uma emenda pode mudar isso. Qualquer tentativa de redução é inconstitucional. Essa é uma discussão descabida do ponto de vista jurídico. No mérito, também sou contra. Mesmo que pudesse, seria contra. Diante da situação carcerária que temos no Brasil, a redução da maioridade penal só vai agravar o problema. 
Por quê? 
Porque nossos presídios são verdadeiras escolas de criminalidade. Muitas vezes, pessoas entram nos presídios por terem cometido delitos de pequeno potencial ofensivo e, pelas condições carcerárias, acabam ingressando em grandes organizações criminosas. Porque, para sobreviver, é preciso entrar no crime organizado. 
Não há o que fazer? 
Temos de melhorar nosso sistema prisional. Reduzir a maioridade penal significa negar a possibilidade de dar um tratamento melhor para um adolescente. Vai favorecer as organizações criminosas e criar piores condições. Boa parte da violência no Brasil, hoje, tem a ver com essas organizações que comandam o crime de dentro dos presídios. Quem não quer perceber isso é alienado da realidade. Quem quer encontrar outras explicações para os fatos ignora que, nos presídios brasileiros, existem os grandes comandos de criminalidade. Criar condições para que um jovem vá para esses locais, independentemente do delito cometido, é favorecer o crescimento dessa criminalidade e dessas organizações. É uma política equivocada e que trará efeitos colaterais gravíssimos. 
E qual é a solução? 
Desenvolver políticas em diversos campos. A criminalidade não tem respostas simplistas. Quem achar que, com uma varinha mágica, com um projeto de lei, vai resolver o problema da criminalidade, está escondendo da sociedade os reais problemas que a afligem. Por que existe a criminalidade? Há vários fatores. A exclusão social e a impunidade são dois deles. Três: é preciso combater os grupos de extermínio. Quatro: o crime organizado se enfrenta com coragem e determinação, não com subterfúgios. O governo federal tem desenvolvido programas em todas essas áreas. Mas é uma luta difícil e que tem de ser discutida com profundidade, sem políticas cosméticas.
Fonte: Estadão



Polícia Militar ocupa favelas da zona sul do Rio para instalação de 33ª UPP



Em 30 minutos, policiais militares ocuparam na manhã desta segunda-feira (29) a favela do Cerro-Corá e outras duas comunidades menores na zona sul do Rio, para dar início à instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na região. Esta será a 33ª UPP da cidade.
De acordo com o COE (Comando de Operações Especiais) da Polícia Militar, cerca de 420 homens do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), do Batalhão de Choque, do Grupamento Aeromóvel e do Batalhão de Ações com Cães participam do processo de pacificação da região.A favela do Cerro-Corá fica próxima a um dos principais pontos turísticos do Rio, o Cristo Redentor, e possivelmente fará parte do roteiro da visita do papa Francisco ao Rio de Janeiro por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. O evento será realizado entre 23 e 28 de julho.

A operação, que começou às 5h, é realizada na favela do Cerro-Corá e nas comunidades dos Guararapes e da Vila Cândida, no Cosme Velho. De acordo com o Instituto Pereira Passos (com base no censo do IBGE de 2010), 2.803 mil pessoas vivem nessas comunidades.
Segundo informações repassadas pelo Bope, uma base provisória foi montada no Largo do Boticário, que fica no acesso à favela. O carro blindado da polícia, conhecido como caveirão, e um helicóptero da PM dão apoio nos trabalhos.eja Álbum de fotos
O relações públicas da PM, Frederico Caldas, afirmou que as três favelas eram dominadas pela facção criminosa Comando Vermelho e serviam de refúgio para os criminosos. Ainda de acordo com ele, esta ocupação "praticamente fecha a zona sul", ao explicar que todas as favelas da zona sul foram ocupadas pela polícia. 
A previsão é que no fim de maio seja instalada uma UPP na região, onde cerca de 190 homens da polícia devem atuar de forma permanente. 

Visita do papa

Segundo o coordenador de segurança da Jornada Mundial da Juventude no âmbito da Sesge (Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos), coronel Paulo Cruz, que acompanhou as vistorias feitas pelo chefe do departamento de viagens internacionais do Vaticano, o italiano Alberto Gasbarri, durante esta semana, há uma lista de comunidades pacificadas --Complexo de Manguinhos (Manguinhos, Mandela e Varginha), Jacarezinho, Mangueira e Tuiuti, todas na zona norte-- que podem receber o papa Francisco em evento paralelo aos atos centrais da Jornada Mundial da Juventude.
A escolha já teria sido feita pelos organizadores do evento, mas a revelação só será feita no dia 7 de maio. "A escolha segue critérios técnicos. Existe uma ordem preferencial. Só não dá para dizer que foi 100% porque ainda falta a posição do Vaticano", disse o coronel. de fotos
"Nós visitamos várias comunidades e priorizamos a nível de segurança. Já temos essa pré-definição. O que eu posso falar nesse momento é que se trata de uma comunidade pacificada. Para que ele possa fazer o seu trabalho sem risco, levar a sua palavra para as pessoas. Entrar e sair com segurança dessa comunidade", afirmou.
Cruz disse ainda que a logística de segurança para a visita do pontífice a uma comunidade da capital fluminense envolve questões como a mobilidade, o posicionamento de atiradores nas lajes das casas e a análise de indicadores do ISP (Instituto de Segurança Pública). Também foi levada em consideração a existência de projetos da Igreja Católica no interior das comunidades.

Cristo Redentor

Cruz confirmou ao UOL que há a possibilidade de o papa ir ao Cristo Redentor, ponto turístico localizado próximo à comunidade que será ocupada nesta semana. No entanto, antes que qualquer decisão seja tomada, ainda é necessário concluir o trabalho de avaliação de riscos em relação a principal cartão postal do Rio.
"Iniciamos uma avaliação de todos os pontos nos quais havia a possibilidade [de presença do papa]. Boa parte desse trabalho ainda não foi concluído. Há muitos critérios. Projeta-se uma crise em cima desses indicadores e, dependendo do resultado, classifica-se como risco baixo, médio ou alto", disse.
"Não é simplesmente ir lá e dar uma olhada", completou o general Paulo Cruz. Álbum de fotos

UPPs

As duas últimas UPPs da cidade foram inauguradas no Caju e na Barreira do Vasco e Tuiuti, localidades com cerca de 26 mil habitantes cortadas pela avenida Brasil e pela Linha Vermelha, duas das principais vias expressas da cidade. Ao todo, as duas novas UPPs abrangem 15 comunidades, 13 delas no Caju.
A próxima comunidade na fila seria o Complexo da Maré, na zona norte, que agora deve ficar para o segundo semestre deste ano.
Fonte: UOL

Xuxa diz apoiar parcialmente a redução da maioridade penal


A apresentadora afirmou ser necessário estudar os casos em que a redução da maioridade penal poderia ser aplicada 

A apresentadora Xuxa Meneghel, que completou 50 anos em 2013, foi homenageada neste domingo, no 12º Fórum Empresarial de Comandatuba (BA). Com mais de 30 anos de carreira, a rainha dos baixinhos - também conhecida pelo seu trabalho social em prol das crianças e dos adolescentes carentes - afirmou ser necessário estudar os casos em que a redução da maioridade penal poderia ser aplicada. “Cada caso é um caso, mas eu acho que há alguns que a gente deveria estudar porque eles (adolescentes) cometem o crime sabendo que não vai acontecer nada porque são 'de menor'”, disse. 

Xuxa diz que ao olhar em retrospecto sua carreira, a fundação – que leva o seu nome – é o projeto que mais a deixa “envaidecida”. “Sabe a cereja do bolo?”, comparou. “Se eu não tivesse a fundação, eu não estaria legal. Estaria faltando como artista, como ser humano, como pessoa.” A apresentadora afirma que gasta, anualmente, R$ 1,5 milhão para manter o projeto – o valor é desembolsado há cerca de 22 anos, fazendo a soma chegar a R$ 33 milhões. 

“Fico com muito medo se vou conseguir continuar, a gente sabe que de uma hora para a outra as coisas podem mudar completamente para todo mundo”, disse. “E eu só consigo fazer isso por meio do meu trabalho, dos meus contratos.” A apresentadora diz que tem conseguido arrecadar ajuda com empresas e outras pessoas, que a auxiliam a manter cerca de 110 crianças das 350 atendidas. Outros 80 adolescentes também são atendidos pelo seu projeto. 

Sobre a possibilidade de entrar na política para criar outros mecanismos de ajuda ao público infantil – atualmente, Xuxa está envolvida em campanhas que envolvem tirar jovens das ruas, o combate à exploração sexual e frentes relacionadas à adoção e ao programa ‘Não Bata, Eduque’ – ela é categórica: “nunca pensei (na política) como caminho. Acho que consigo muito mais na televisão, com um microfone nas mãos.” 

Xuxa está envolvida também com a criação de legislação específica para proteger crianças da violência doméstica. “Não é por ter uma lei que a violência contra a criança vai diminuir, mas vai dar uma ‘travada’ e as pessoas vão prestar mais atenção nos direitos das crianças e um dia a violência vai parar”, disse. “O primeiro passo é virar lei, e depois a gente vai aprender como conversar sobre isso e, depois, como a gente deve lidar com tudo isso, porque temos essa cultura de educar batendo”, afirmou a apresentadora, que diz que 80% das crianças que vivem nas ruas do Brasil sofreram algum tipo de abuso em casa. 

“Das crianças e jovens de rua, 80% deles sofreram algum tipo de abuso dentro de casa. E como elas não aguentam, elas vão para as ruas. Ali, a opção que elas têm para se proteger, sobreviver, é se prostituindo, matando, roubando”, afirmou. “Se pararmos com a violência doméstica, a gente diminui a violência nas ruas. 

Xuxa afirmou ainda que o depoimento dado ao Fantástico no ano passado, em que relatava ter sofrido abusos na infância, aumentou o número de denúncias recebidas para casos semelhantes. “Quer coisa mais importante do que isso?” 

O 12º Fórum Empresarial de Comandatuba é promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), de João Doria Jr., na Ilha de Comandatuba (BA) e conta com a participação de companhias, empresários e políticos. O evento discute a preparação do Brasil para receber tanto a Copa do Mundo quanto as Olimpíadas.

Ela não a pessoa competente para opinar sobre este assunto, maioridade penal. Pois ela não conhece a realidade do das ruas. Ela não sabe nem o significado da palavra Segurança Publica. Uma pessoa que mora em um condomínio vigiado 24 horas; e que vai para o trabalho de helicóptero, bem como é cercada de segurança acha que o mundo é uma maravilha.

Fonte: Terra


domingo, abril 28

Pior seca em 80 anos já matou um milhão de bois no Semiárido baiano


A estiagem causou um prejuízo aos produtores baianos de cerca de R$ 800 milhões


Um rebanho dizimado por falta de água e de pasto. O número de bois mortos por causa da seca no Semiárido baiano chegou a um milhão, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb). A estimativa é que apenas o rabanho perdido nos últimos três anos – cerca de um terço do original, de três milhões de bovinos – causou um prejuízo aos produtores baianos de R$ 800 milhões, considerando o custo por cabeça de gado de R$ 800. 

Com a morte dos bovinos, a produção de leite foi afetada, com queda de 70% na região, chegando a 100% em alguns municípios. A criação de caprinos também  está sofrendo e a agricultura está destruída, o que causou uma elevação nos preços dos alimentos básicos. Por conta da seca, a cesta básica de Salvador teve a segunda maior alta acumulada do país nos últimos 12 meses, de acordo com o Dieese. A previsão é que a estiagem continue, pelo menos, até novembro, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

“Chegamos ao ápice da seca. O produtor de bovinos não tem mais reservas de alimento e não existe mais comércio, porque ninguém quer o gado seco”, diz Humberto Miranda, vice-presidente da Faeb e presidente do Sindicato Rural de Miguel Calmon. Miranda perdeu 40 cabeças de gado de 400 e viu sua produção de leite cair 50% - de 700 litros por dia para 350 litros. Também em Miguel Calmon, o produtor Daniel Ramos estima que perdeu 35% do rebanho que mantinha em 2012 e 60% da produção de leite. “A região tá acabada. O capim morreu todo. A situação é a pior possível. Não tem comida e pastos para os animais. A gente não vê saída”, lamenta Ramos.  


Há um consenso de que esta é a pior seca dos últimos 80 anos. O fenômeno já dura dois anos e enfrentará agora a terceira temporada sem chuvas. O presidente da Faeb, João Martins, estima mais cinco meses de completa miséria. “Chegamos ao pior momento dessa longa estiagem. Os produtores estão desesperados”.

Os números refletem esse cenário. Segundo dados da Faeb, na Bahia, a produção de milho, feijão e mandioca está zerada. A mamona teve uma queda média de 80%. O sisal apresenta o mesmo índice de perda. A fruticultura não fugiu à regra. O maracujá registra uma queda média em torno de 25%, mas chega aos 60% nos municípios de Livramento de Nossa Senhora, Dom Basílio e Rio de Contas. A criação de caprinos também está a cada dia sendo reduzida. A média de perda é de 25%. Entretanto, alguns produtores já perderam 60% de seu rebanho.

Subsídio 
O milho que o governo federal prometeu - cerca de 80 mil toneladas - começou a chegar este mês. A saca de até 3 mil quilos está sendo vendida subsidiada aos produtos rurais e sai por R$ 18. Mesmo assim, Martins diz que a própria Conab, responsável por esse abastecimento, pediu ajuda à Faeb para conseguir vender a ração. “O milho que chegou em Seabra, por exemplo, não estava sendo comprado. Por que diminui essa procura por milho? É por que ele não precisa? Não, é porque esses produtores não têm mais dinheiro”, analisa.

O presidente da Faeb ainda faz queixas sobre o financimento do Banco do Nordeste (BNB), que não chega rapidamente ao pequeno e médio produtor rural, como chega para a agricultura familiar. Segundo informações do BNB, o crédito emergencial da seca está fechado desde março para os pequenos e médios produtores. Agora, está aberto apenas para a agricultura familiar. 

Mesmo assim, por causa da alta procura, o próprio BNB confirmou que daqui a duas semanas abrirá todas as suas agências duas horas mais cedo.
“O crédito para a agricultura familiar está sendo aprovado em oito dias. Enquanto o crédito para o pequeno e médio produtor leva até 60 dias pra sair”, reclama Martins. 

Dados do BNB mostram que esse crédito tem sido mais focado na agricultura familiar. Foram 64 mil operações para os agricultores familiares e 2,6 mil para os mini e pequenos produtores. Os agricultores familiares têm renda anual abaixo de R$ 150 mil. Miniprodutores entre R$ 150 mil a R$ 300 mil. E os pequenos produtores vão de R$ 300 mil até R$ 1,9 milhão. São essas as classes apoiadas pelo crédito emergencial. 

Ainda segundo o BNB, a demora na concessão do crédito é porque é preciso comprovar as perdas da safra ou do rebanho. Ou seja: é preciso que um técnico vá ao local de produção e ateste que o produtor precisa daquele empréstimo. Porém, o banco afirma que a demora é para todas as classes de produtores. 

Ajuda  
Martins diz que o governo precisa começar a pensar o futuro do Semiárido e não apenas as medidas emergenciais. Para ele, duas soluções são fundamentais: garantir o abastecimento de água para o produtor rural e a estocagem de alimentos. O vice-presidente da Faeb elenca as medidas necessárias a longo prazo: perenização de rios e poços artesianos,  transposição de rios, construção de barragens de médio porte e assistência técnica aos produtores. 


O secretário da Agricultura do Estado da Bahia, Eduardo Sales, diz que ações vêm sendo realizadas e citou a expansão de 5 para 22 armazéns de milho. Outra medida da Secretaria é investir no ‘volumoso’, que é o verde que sustenta a alimentação do gado. Sales exemplifica que querer engordar apenas com milho seria o mesmo que engordar o gado com caviar. “Vamos fazer esse verde. Vamos pagar pequenos produtores dos perímetros irrigados para produzir essa alimentação para o gado e subsidiar a venda para os produtores rurais”, afirma. São cerca de 100 produtores baianos participando da ação. A previsão é que o volumoso seja entregue daqui a dois meses.

Velocidade
O secretário ainda explicou que está sendo pleiteado, para a Conab, um grande armazém no município de Luis Eduardo Magalhães, já que a velocidade da entrega da ração para esses animais é uma das principais críticas dos produtores. 

“O milho saiu todo do Nordeste e é armazenado no Centro-Oeste. Agora, como precisávamos do milho aqui, de novo, seriam 4 mil carretas para fazer o transporte de 120 mil toneladas”, explica. Ele diz que agora já está sendo feita colheita no Nordeste e isso vai ajudar na entrega do milho.

Seca provoca aumento no valor da cesta básica superior a 30%
A longa estiagem no Semiárido baiano aumentou o preço de alimentos basicos em toda a Bahia. De acordo com o Dieese, de abril de 2012 a março deste ano, a cesta básica de Salvador teve a segunda maior alta acumulada dentre as capitais do país, atrás apenas da cesta de Fortaleza, cujo estado também sofre com a seca. 

Na capital baiana, o custo dos produtos apresentou alta de 32,63%, chegando a R$ 281,05. Só no último mês, o aumento foi de 4,08% em relação a fevereiro. Segundo o Dieese, oito dos doze produtos da cesta ficaram mais caros em março. A banana, a farinha de mandioca e o feijão tiveram altas superiores a 10%. A maior foi a da banana, de 20,57%. A Bahia é o principal produtor da fruta no país, mas, como o cultivo da banana está concentrado na agricultura familiar e depende de irrigação, a  seca afetou a produção.

Temporais não resolvem seca; estiagem continua até novembro
 Em todo o estado, 267 municípios já declararam situação de emergência por conta da seca, sendo 251 deles no Semiárido baiano. Nas últimas semanas, fortes chuvas atingiram cidades nessa região, mas os temporais não foram suficientes para dar fim à estiagem. “A chuva melhorou o nível das barragens, mas só serviu para o abastecimento de água para as pessoas”, diz Humberto Miranda, vice-presidente da Faeb. 

Três cidades da região e outros seis municípios baianos decretaram situação de emergência. A população afetada é de 24 mil pessoas. De acordo com a meteorologista do Inmet Patrícia Vieira, o Semiárido depende agora de frentes frias que podem chegar à região na segunda quinzena de maio, mas que também não devem ajudar no plantio e nas pastagens. A seca persiste assim, no mínimo, até novembro.

Fonte: Correio 24 Horas


General responde a Mirian Leitão


Resposta do General Torres de Melo à carta da jornalista.
 


À Senhora Jornalista Miriam Leitão
    Li o seu artigo "ENQUANTO ISSO", com todo cuidado possível. Senti, em suas linhas, que a senhora procura mostrar que os MILITARES BRASILEIROS de HOJE, são bem diferentes dos MILITARES BRASILEIROS de ONTEM. Penso que esse é o ponto central de sua tese. Para criar credibilidade nas suas afirmativas, a senhora escreveu: "houve um tempo em que a interpretação dos militares brasileiros sobre LEI E ORDEM era rasgar as leis e ferir a ordem. Hoje em dia, eles demonstram com convicção terem aprendido o que não podem fazer". Permita-me discordar dessa afirmativa de vez que vejo nela uma injustiça, pois fiz parte dos MILITARES DE ONTEM e nunca vi os meus camaradas militares rasgarem leis e ferir a ordem. Nem ontem nem hoje. Vou demonstrar a minha tese.  
    No Império, as LEIS E A ORDEM foram rasgadas no Pará, Ceará, Minas, Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul pelas paixões políticas da época. AS LEIS E A ORDEM foram restabelecidas pelo Grande Pacificador do Império, um Militar de Ontem, o Duque de Caxias, que com sua ação manteve a Unidade Nacional. Não rasgamos as leis nem ferimos a ordem. Pelo contrário. 
    Vem a queda do Império e a República. Pelo que sei, e a História registra,   foram políticos que acabaram envolvendo os velhos Marechais Deodoro e Floriano nas lides políticas. A política dos governadores criando as oligarquias regionais, não foi obra dos Militares de Ontem, quando as leis e a ordem foram rasgadas e feridas pelos donos do Poder, razão maior das revoltas dos tenentes da década de 20, que sonhavam com um Brasil mais democrático e justo. Os Militares de Ontem ficaram ao lado da lei e da Ordem. Lembro à nobre jornalista que foram os civis políticos que fizeram a revolução de 30, apoiados, contudo, pelos tenentes revolucionários, menos Prestes, que abraçou o comunismo russo.
     Veio a época getuliana, que, aos poucos, foi afastando os tenentes das decisões políticas. A revolução Paulista não foi feita pelos Militares de Ontem   e sim pelos políticos paulistas que não aceitavam a ditadura de Vargas. Não foram os Militares de Ontem que fizeram a revolução de 35 (senão alguns, levados por civis a se converterem para a ideologia vermelha, mas logo combatidos e derrotados pelos verdadeiros Militares de Ontem); nem fizeram a revolta de 38; nem  deram o golpe de 37. Penso que a senhora, dentro de seu espírito de justiça, há de concordar comigo que foram as velhas raposas GETÚLIO - CHICO CAMPOS - OSWALDO ARANHA e os chefetes que estavam nos governos dos Estados, que aceitaram o golpe de 37. Não coloque a culpa nos Militares de Ontem.
     Veio a segunda guerra mundial. O Nazismo e o Fascismo tentam dominar o mundo. Assistimos ao primeiro choque da hipocrisia da esquerda. A senhora deve ter lido - pois àquela época não seria nascida -, sobre o acordo da Alemanha e a URSS para dividirem a pobre Polônia e os sindicatos comunistas do mundo ocidental fazendo greves contra os seus próprios países a favor da Alemanha por imposição da URSS e a mudança de posição quando a "Santa URSS" foi invadida por Hitler. O Brasil ficou em cima de muro até que nossos navios (35) foram afundados. Era a guerra, a FEB e seu término. Getúlio - o ditador - caiu e vieram as eleições. As Forças Armadas foram   chamadas a intervir para evitar o pior. Foram os políticos que pressionaram os Militares de Ontem para manter a ordem. Não rasgamos as leis nem ferimos a ordem. Chamou-se o Presidente do Supremo Tribunal Federal para, como Presidente, governar a transição. Não se impôs MILITAR algum.
     O mundo dividiu-se em dois. O lado democrático, chamado pelos comunistas de imperialistas, e o lado comunista com as suas ditaduras cruéis e seus celebres julgamentos "democráticos". Prefiro o primeiro e tenho certeza de que a senhora, também. No lado ocidental não se tinham os GULAGs.
     O período Dutra (ESCOLHIDO PELOS CIVIS E ELEITO PELO VOTO DIRETO DO POVO) teve seus erros - NUNCA CONTRA A LEI E A ORDEM - e virtudes como toda obra humana. A colocação do Partido Comunista na ilegalidade foi uma obra do Congresso Nacional por inabilidade do próprio Carlos Prestes, que declarou ficar ao lado da URSS e não do Brasil em caso de guerra entre os dois países. Dutra vivia com o "livrinho" (a Constituição) na mão, pois os políticos, nas suas ambições, queriam intervenções em alguns Estados, inclusive em São Paulo. A senhora deve ter lido isso, pois há vasta literatura sobre a História daqueles idos. 
    Novo período de Getúlio Vargas. Ele já não tinha mais o vigor dos anos trinta. Quem leu CHATÔ, SAMUEL WEINER (a senhora leu?) sente que os   falsos amigos de Getúlio o levaram à desgraça. Os Militares de Ontem não se envolveram no caso, senão para investigar os crimes que vinham sendo cometidos sem apuração pela Polícia; nem rasgaram leis nem feriram a ordem.
       Eram os políticos que se digladiavam e procuravam nos colocar como fiéis da balança. O seu suicídio foi uma tragédia nacional, mas não foram os Militares de Ontem os responsáveis pela grande desgraça.
     A senhora permita-me ir resumindo para não ficar longo. Veio Juscelino e as Forças Armadas garantiram a posse, mesmo com pequenas divergências. Eram os políticos que queriam rasgar as leis e ferir a ordem e não os Militares de Ontem. Nessa época, há o segundo grande choque da esquerda. No XX Congresso do Partido Comunista da URSS (1956) Kruchov coloca a nu a desgraça do stalinismo na URSS. Os intelectuais esquerdistas   ficam sem rumo.
 Juscelino chega ao fim e seu candidato perde para o senhor Jânio Quadros. Esperança da vassoura. Desastre total. Não foram os Militares de Ontem que rasgaram a lei e feriram a ordem. Quem declarou vago o cargo de Presidente foi o Congresso Nacional. A Nação ficou ao Deus dará. Ameaça de guerra civil e os políticos tocando fogo no País e as Forças Armadas divididas pelas paixões políticas, disseminadas pelas "vivandeiras dos quartéis" como muito bem alcunhou Castello.
     Parlamentarismo, volta ao presidencialismo, aumento das paixões políticas, Prestes indo até Moscou afirmando que já estavam no governo, faltando-lhes apenas o Poder. Os militares calados e o chefe do Estado Maior do Exército (Castello) recomendando que a cadeia de comando deveria ser mantida de qualquer maneira. A indisciplina chegando e incentivada dentro dos Quartéis, não pelos Militares de Ontem e sim pelos políticos de esquerda; e as vivandeiras tentando colocar o Exército na luta política.
 Revoltas de Polícias Militares, revolta de sargentos em Brasília, indisciplina na Marinha, comícios da Central e do Automóvel Clube representavam a desordem e o caos contra a LEI e a ORDEM. Lacerda, Ademar de Barros, Magalhães Pinto e outros governadores e políticos (todos civis)incentivavam o povo à revolta. As marchas com Deus, pela Família e pela Liberdade (promovidas por mulheres) representavam a angústia do País. Todo esse clima não foi produzido pelos MILITARES DE ONTEM. Eles, contudo, sempre à escuta dos apelos do povo, pois ELES são o povo em armas, para garantir as Leis e a Ordem.
     Minas desce. Liderança primeira de civil; era Magalhães Pinto. Era a contra-revolução que se impunha para evitar que o Brasil soçobrasse ao comunismo. O governador Miguel Arraes declarava em Recife, nas vésperas de 31 de março: haverá golpe. Não sabemos se deles ou nosso. Não vamos ser hipócritas. A senhora, inteligente como é, deve ter lido muitos livros que reportam   a luta política daquela época (exemplos: A Revolução Impossível de Luis Mir - Combates nas Trevas de Jacob Gorender - Camaradas de William Waack - etc) sabe que a esquerda desejava implantar uma ditadura de esquerda. Quem afirma é Jacob Gorender. Diz ele no seu livro: "a luta armada começou a ser tentada pela esquerda em 1965 e desfechada em definitiva a partir de 1968". Na há, em nenhuma parte do mundo, luta armada em que se vão plantar rosas e é por essa razão que GORENDER afirma: "se quiser compreendê-la na perspectiva da sua história, A ESQUERDA deve assumir a violência que praticou". Violência gera violência.
     Castelo  Costa e Silva, Médici, Geisel e João Figueiredo com seus erros e virtudes desenvolveram o País. Não vamos perder tempo com isso. A senhora é uma economista e sabe bem disso. Veio a ANISTIA. João Figueiredo dando murro na mesa e clamando que era para todos; e Ulisses não desejando que Brizolla, Arraes e outros pudessem tomar parte no novo processo eleitoral, para não lhe disputarem as chances de Poder. João bateu o pé e todos tiveram direito, pois "lugar de Brasileiro é no Brasil", como dizia. Não esquecer o terceiro choque sofrido pela a esquerda: Queda do Muro de Berlim, que até hoje a nossa esquerda não sabe desse fato histórico.
     Diretas já. Sarney, Collor com seu desastre, Itamar, FHC, LULA e chegamos aos dias atuais. Os Militares de Hoje, silentes, que não são responsáveis pelas desgraças que vivemos   agora, mas sempre aguardando a voz do Povo. Não houve no passado, nem há, nos dias de hoje, nenhum militar metido em roubo, compra de voto, CPI, dólar em cueca, mensalões ou mensalinhos. Não há nenhum Delúbio, Zé Dirceu, José Genoíno, e que tais. O que já se ouve, o que se escuta é o povo dizendo: SÓ OS MILITARES PODERÃO SALVAR A NAÇÃO. Pois àquela época da "ditadura" era que se era feliz e não se sabia...Mas os Militares de Hoje, como os de Ontem, não querem ditadura, pois são formados democratas.   E irão garantir a Lei e a Ordem, sempre que preciso.
     Os militares não irão às ruas sem o povo ao seu lado. OS MILITARES DE HOJE SÃO OS MESMOS QUE OS MILITARES DE ONTEM. A nossa desgraça é que políticos de hoje (olhe os PICARETAS do Lula!) - as exceções justificando a regra - são ainda piores do que os de ontem. São sem ética e sem moral, mas também despudorados. E o Brasil sofrendo, não por conta dos MILITARES, mas de ALGUNS POLÍTICOS   - uma corja de canalhas, que rasgam as leis e criam as desordens.
     Como sei que a senhora é uma democrata, espero que publique esta carta no local onde a senhora escreve os seus artigos, que os leio atenta e religiosamente, como se fossem uma Bíblia. Perfeitos no campo econômico, mas não muitos católicos ou evangélicos no campo político por uma razão muito simples: quando parece que a senhora tem o vírus de uma reacionária de esquerda.
 Atenciosa e respeitosamente,
 GENERAL DE DIVISÃO REFORMADO DO EXÉRCITO FRANCISCO BATISTA TORRES DE MELO.
     (Um militar de ontem, que respeita os militares de hoje, que pugnam pela Lei e a Ordem).