segunda-feira, julho 1

Salário no Congresso é 36 vezes superior

Rendimento de senadores e deputados supera em muito a renda mensal dos trabalhadores



Os políticos são o maior alvo das críticas dos manifestantes de todo o Brasil que protestam contra a corrupção, a má qualidade dos gastos públicos e o transporte coletivo entre outros itens. Se, na teoria, senadores, deputados federais e estaduais, além dos vereadores, representam a maioria, o contra-cheque deles está próximo apenas de 0,4% dos brasileiros. Esse é o percentual da população que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), recebia, em 2010, mais de 30 salários por mês, assim como os parlamentares.

Na média, os parlamentares em Brasília recebem R$ 58,1 mil – 36 vezes mais do que o trabalhador. Um senador mineiro pode ganhar hoje até R$ 59 mil por mês. O valor é 37 vezes maior que o rendimento médio dos trabalhadores ocupados em maio, R$ 1.588, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese).

O orçamento dos deputados estaduais vai a R$ 45,7 mil e o dos federais, a R$ 57,2 mil. Estes ainda têm R$ 78 mil para contratar funcionários e realizar viagens. O valor pago aos vereadores de Belo Horizonte pode chegar a R$ 27,4 mil.

Segundo o IBGE, quase um terço dos brasileiros (32,7%) ganhava entre um e dois salários, em 2010 – até R$ 1.020 na época. A secretária Elaine Cristina da Silva, 24, está nessa faixa. O que ela ganha ajuda a manter a mãe, que não trabalha, e as outras duas irmãs, que ganham o mesmo que ela.

“Acho injusto que os políticos ganhem tanto. Duvido que eles trabalham mais do que eu e a maioria das pessoas. Entendo que a responsabilidade deles é grande, mas nem todos agem como deveriam”, afirma a secretária.

A percepção da empregada doméstica Regiane da Silva Miranda,26, não é diferente. “Eles não trabalham nem a metade do que eu. Gostaria de um dia trocar de lugar com eles (políticos). Queria ver o que eles fariam com o que recebo. Se eles ainda ajudassem o Brasil a melhorar, seria mais fácil entender os altos salários”, disse. Com os cerca de R$ 700 que recebe, Regiane mantém a casa em que mora com o filho, Gabriel, 6.

O cientista político e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Paulo Roberto Figueira Leal, afirma que dois fatores contribuem para o mal estar da população em relação aos valores que passam pelos gabinetes.

“Primeiro, há uma absoluta falta de transparência com os ganhos e adicionais. Depois, há um deslocamento entre as demandas da sociedade e a atividade parlamentar. A percepção é que a agenda do Legislativo não é a mesma da sociedade”, disse.


Fonte: Jornal O Tempo

Nenhum comentário:

Postar um comentário