sábado, abril 20

Polícia Civil de Minas confirma envolvimento de agentes em assassinato no Vale do Aço

Troca de comando na Polícia Civil da região
Medida é recado claro diante do envolvimento de policiais em diversos homicídios, admitido nesta sexta-feira, em Ipatinga, pelo comando no Estado. Mudanças devem abranger também a Polícia Militar 

Wellington Pedro/Imprensa MG 

Governador Anastasia e o chefe da Polícia Civil, Cylton Brandão da Matta, que esteve em Ipatinga nesta sexta
IPATINGA – Evidências do envolvimento de policiais em diversos homicídios ocorridos no Vale do Aço levaram a Polícia Civil de Minas Gerais a anunciar profundas medidas administrativas na região, nesta sexta-feira (19). “Uma nova polícia. Não admitimos a existência de grupos de extermínio em Minas Gerais, muito menos que a sociedade viva acuada, com medo de quem aqui está para defendê-la”, prometeu o chefe da Polícia Civil em todo Estado, Cylton Brandão da Matta. Para demonstrar o impacto das mudanças, foi anunciado em entrevista coletiva que o subcorregedor Élder Dângelo foi nomeado novo chefe do 12º Departamento, em substituição a José Walter da Mota Matos, que havia assumido em 18 de dezembro, e Irene Franco foi nomeada delegada regional, em substituição a Gilberto Simão de Melo. 

Em entrevista coletiva na sede do 12º Departamento de Polícia Civil, no bairro Iguaçu, na tarde desta sexta-feira, Brandão ressalvou, quanto à substituição de Mota Matos e Simão de Melo: “José Walter está com problemas de saúde e o delegado Gilberto não conseguiu implantar as mudanças que pretendia em razão de problemas que estamos enfrentando agora de forma definitiva. Ambos saem com notas de mérito da chefia da Polícia pelos relevantes serviços prestados à sociedade”, elogiou.

LINHA-DURA

Élder Dângelo, que atuava na corregedoria, tem reputação de ser rigoroso quanto a desvios cometidos por policiais. Sua escolha para orientar os trabalhos da polícia na região foi destacada por Cylton como uma demonstração contundente de que “as raízes” do envolvimento de policiais com assassinatos no Vale do Aço serão investigadas. Por determinação do governador Antonio Anastasia, a Polícia Militar também terá processo semelhante. “Existe uma filosofia de trabalho conjunto e entendemos que são necessárias algumas modificações. O que é certo é que as raízes dos problemas em determinado momento se misturaram”, disse Brandão.

“É óbvio que eu não posso dar muita informação para que as investigações não sejam atrapalhadas, mas a presença de um subcorregedor aqui logicamente é para orientar essas ações no caso correcional, e a nossa atuação será eminentemente administrativa”, pontuou Dângelo.

O 12º Departamento coordena o trabalho de seis delegacias regionais: Ipatinga, João Monlevade, Itabira, Caratinga, Manhuaçu e Ponte Nova. Juntas, essas regionais comandam a Polícia Civil em 97 municípios.

CIDADÃ HONORÁRIA
Cláudio Salvador (www.clickvale.net) 

Nascida em Governador Valadares, a delegada Irene Brandão recebeu Título de Cidadania Honorária de Ipatinga em dezembro de 2012
Nascida em Governador Valadares, a delegada Irene Brandão recebeu Título de Cidadania Honorária de Ipatinga em dezembro de 2012. Ela respondeu pelas delegacias de Mulheres e Homicídios. É também professora universitária e casada com o empresário Leonel Guimarães. “É um desafio para mim. Trata-se de um cargo de gestão, antes eu estava na investigação. Assumo em um momento nem tão favorável, atendo a um chamado da polícia à qual eu pertenço e honro há 15 anos. Existem outras mudanças ainda para acontecer, que agora eu vou definir como delegada regional. Sou uma policial exigente comigo mesma e também serei com os policiais civis, mas é lógico que também buscando melhorar as condições para que eles desenvolvam um trabalho melhor”, enfatizou.

Resposta a execuções de jornalistas pode ser dada “em questão de dias”
Cylton Brandão descartou, por hora, a participação da Polícia Federal nas investigações dos assassinatos dos jornalistas Rodrigo Neto, 38, e Walgney Carvalho, 43, ambos colaboradores do jornal VALE DO AÇO. E deixou transparecer que os trabalhos de elucidação estão avançados, pelo menos com relação a um dos crimes. “Os jornalistas de toda a região do Vale do Aço podem ficar tranquilos. Acredito que até mesmo em questão de dias vocês terão uma resposta à altura do que merecem. Temos absoluta certeza de que damos conta dessa tarefa. Contamos com total apoio do Ministério Público e do Poder Judiciário. A equipe que está em Ipatinga no momento é a mais qualificada do Estado”, destacou. 
Após a coletiva à imprensa, o chefe da Polícia Civil em Minas Gerais esteve reunido com o Comitê Rodrigo Neto. Ele visitou também a nova redação do jornal VALE DO AÇO. O objetivo foi dar maior tranquilidade aos jornalistas quanto à liberdade para o exercício da profissão.
O deputado Durval Ângelo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), afirmou ter alertado à polícia que Carvalho vinha sendo ameaçado. Cylton Brandão diz que a Polícia Civil chegou a receber um comunicado sobre as ameaças, porém o fotógrafo foi ouvido e não confirmou os fatos. “Carvalho foi ouvido, disse que não se sentia ameaçado e que não precisava de proteção. Isso está nos autos e assinado por ele”, justificou. A versão mais aceita por muitos observadores dos fatos é que Carvalho teria sido morto por queima de arquivo.



Chefe de investigações fala  sobre andamento de apurações

Na reunião com a equipe de Delegados que apura os crimes em Ipatinga e região, Cylton Brandão acertou medidas imediatas para que o trabalho de investigação entre em novas etapas. Segundo o Chefe do Departamento de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Wagner Pinto, ainda não é possível apontar se há relação entre os assassinatos de Rodrigo Neto e Walgney Carvalho. “Não podemos descartar qualquer linha de investigação, mas em breve teremos em mãos elementos capazes de nos ajudar nas apurações. Toda a sociedade vai saber do que se trata nos próximos dias", afirmou.
“Os jornalistas e a sociedade podem ter certeza de que daremos repostas contundentes a esses casos. Temos aqui uma equipe especializada que já solucionou inclusive crimes federais, como a chacina de Unaí. Defendemos a liberdade de imprensa, defendemos o livre exercício da profissão. A sociedade e, em particular, as polícias, precisam contar sempre com a imprensa livre e democrática e é para garantir essa condição que em breve teremos novidades”, emendou Cylton Brandão.

Fonte: JVA

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