Tecnóloga diz que
toda sua família votou em vereador, a pedido de repórter, e considera
versão de Durval Ângelo “uma grande armação”
IPATINGA – Procurada pela reportagem do jornal Vale do Aço
para se pronunciar sobre as recentes declarações do deputado estadual
Durval Ângelo (PT), que acusou o presidente da Câmara Municipal,
vereador Ley do Trânsito (PSD), de ser o responsável pela morte de seu
irmão, Rodrigo Neto, a Tecnóloga em Radiologia, Lilian Rodrigues, se
mostrou indignada com a postura do presidente da Comissão de Direitos
Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Rodrigo Neto, de 38
anos, era repórter da editoria de polícia do Vale do Aço e também da
Rádio Vanguarda, tendo sido assassinado em circunstâncias misteriosas e
ainda não esclarecidas, no último dia 8 de março, ao sair de uma barraca
de churrasquinho no bairro Canaã.
Casada com um engenheiro
metalúrgico funcionário da Usiminas e atualmente residindo em Itaúna, a
irmã de Rodrigo Neto não poupou críticas ao deputado: “Quem muito podia
ajudar, mais atrapalha. Se o Durval sabia mesmo que o Rodrigo corria
tanto perigo de vida, por que ele não fez nada para proteger meu irmão?
Este deputado está é querendo aparecer em cima da nossa dor, da morte do
Rodrigo. Ele fica buscando holofotes para si sem se importar com nossa
família, com o nosso sofrimento. Em momento algum ele nos procurou para
saber se precisávamos de algo e se ele poderia nos ajudar de alguma
maneira. Esta acusação, da forma como foi feita, só pode ser uma
alternativa que ele encontrou para aparecer politicamente, o que é um
absurdo. Gostaria que ele respeitasse a dor de nossa família. Queremos,
sim, a apuração da morte do meu irmão, mas não podemos aceitar
que utilizem este momento de dor e angústia para tirarem dividendos
políticos e ainda destruírem uma outra família, como ele está tentando
fazer com a do Ley”, desabafou.
“Grande covardia”
Lilian
Rodrigues diz que seus familiares sabiam da amizade entre Ley e Rodrigo
e que todos confiam muito no presidente da Câmara Municipal de
Ipatinga. “Ninguém na minha família acredita nesta história absurda do
envolvimento do Ley na morte do meu irmão. O Rodrigo era uma pessoa
muito reservada. Tão reservada que as únicas ameaças que nós tínhamos
conhecimento que ele havia sofrido são aquelas de conhecimento de todos,
a do advogado envolvido em pedofilia e a de um cabo da polícia militar.
E a amizade com o Ley o Rodrigo fazia questão de deixar bem clara pra
gente”.
Lilian diz ainda que sua família vê as acusações do
envolvimento de Ley do Trânsito na morte de Rodrigo Neto como
“totalmente absurdas”. Ele acrescentou: “Nós entendemos que isto é uma
grande armação. Nossa família sabia da grande amizade do Rodrigo com o
Ley. Inclusive, todos lá em casa votaram no Ley a pedido do Rodrigo.
Apenas eu não votei, por estar residindo atualmente em Itaúna. O que
estão fazendo é uma grande covardia com a família do Ley e com a nossa,
que é muito religiosa. Nós não temos suspeitos da morte do meu irmão e a
gente não julga ninguém e nem levanta falso contra ninguém. Deixamos
tudo nas mãos de Deus e temos certeza que ele proverá a justiça”,
sentencia.
Dor da família
Ainda de acordo com Lilian,
desde a morte de Rodrigo a vida de sua família acabou. “Meu pai não sai
do cemitério. Passa o dia, horas e horas lá, à beira do túmulo do
Rodrigo. Ele não faz mais nada a não ser chorar a perda do meu irmão.
Quem assassinou o Rodrigo acabou também com a minha família. Quero
aproveitar a oportunidade para manifestar o nosso apoio e solidariedade
com o Ley e sua família. Eu também sou mãe e imagino o que devem estar
passando ele, a esposa e os filhos diante destas acusações absurdas do
Durval Ângelo. Mas nós temos a firme convicção de que muito em breve a
equipe responsável pelas investigações, na qual nós acreditamos muito,
irá apontar os verdadeiros culpados pela morte do Rodrigo Neto e pela
destruição de nossa família. E aí, a justiça será feita”, finalizou.
Presidente da Amagis
responde críticas de
deputado a juiz local
Luiz Costa
PARA HERBER
CARNEIRO, “não estamos lidando com policiais, mas com bandidos, que,
infiltrados ou não, são os verdadeiros inimigos da sociedade”
DA REDAÇÃO - A diretoria da Amagis divulgou nota, na tarde
desta segunda-feira (20), durante ato de desagravo, no Fórum de
Ipatinga, aos ataques feitos ao trabalho dos magistrados da comarca.
“Mais uma vez, a Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) vem a
público para manifestar sua solidariedade à magistratura da Comarca de
Ipatinga e repudiar as calúnias assacadas contra os juízes do Vale do
Aço, especialmente ao trabalho sério e devotado do juiz Antônio Augusto
Calaes de Oliveira, titular da 2ª Vara Criminal da Comarca de Ipatinga”,
pontuou a nota assinada pelo presidente da Amagis, Herbert Carneiro,
distribuída no ato público que contou com o apoio e solidariedade de
várias instituições como a OAB, Defensoria Pública, Polícias Civil e
Militar.
Referindo-se ao juiz Calaes, o presidente da Amagis diz:
“Como juiz criminal e, depois, como desembargador da 4ª Câmara Criminal
do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, acompanho, desde 97, sua atuação
compromissada e independente, imprescindível a um Judiciário operoso e
cada vez mais forte. Foram 16 anos construídos com dignidade e respeito
às leis e à Constituição e aos valores permanentes da sociedade, dos
quais 10 anos dedicou, com lisura, à área criminal. Apesar de todos os
percalços, adversidades e ameaças - e até dos apelos de familiares, para
mudar de Vara -, o juiz Antônio Augusto Cales de Oliveira manteve-se
firme em sua missão e vocação, convencido de que a força do Judiciário
está na independência de cada magistrado e que é fundamental dar sua
contribuição no combate à criminalidade”.
A nota continua com o
seguinte conteúdo, agora citando o parlamentar que formulou as críticas:
“Ao contrário das falsas acusações feitas pelo deputado estadual Durval
Ângelo, não há conivência deste juiz, ou de qualquer outro, com
policiais suspeitos de envolvimento com o crime. Tanto é que, nos
últimos quatro anos, dois policiais militares foram condenados por
homicídios, além de um terceiro, que foi levado a júri, mas foi
absolvido, destacando-se que este último ainda foi pronunciado em outros
dois processos, aguardando os trâmites legais para designação de novos
júris. O Judiciário só pode decretar prisões depois que a Polícia Civil
e/ou o Ministério Público apontarem os autores por meio de provas
suficientes. Como medida de exceção, a preventiva só deve ser adotada
para a elucidação de crimes, ou quando sustentada por latentes
circunstâncias, e não por conta de rumores ou ‘por ouvir dizer’. O juiz
julga à luz da lei e não pode ser responsabilizado pela omissão de
terceiros. Houve indeferimento de preventiva em apenas duas ocasiões,
que foram fundamentados e justificados pela fragilidade dos indícios
arregimentados pela polícia judiciária. Defender o cidadão e os direitos
humanos é respeitar o constitucional direito à defesa e o respeito às
leis para que outras injustiças não sejam cometidas em nome das
anteriores.
Não estamos lidando com policiais, mas com bandidos, que,
infiltrados ou não, são os verdadeiros inimigos da sociedade. Para
combatê-los, é preciso de união, inteligência, força-tarefa, vontade
política e envolvimento do poder público e da sociedade, confiando
sempre que o estado de direito prevalecerá sobre a barbárie”, finaliza
Herbert Carneiro, presidente da Amagis.
Fonte: JVA
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