terça-feira, maio 21

Irmã de Rodrigo Neto manifesta solidariedade a Ley


Tecnóloga diz que toda sua família votou em vereador, a pedido de repórter, e considera versão de Durval Ângelo “uma grande armação”
LEY DO TRÂNSITO
IPATINGA – Procurada pela reportagem do jornal Vale do Aço para se pronunciar sobre as recentes declarações do deputado estadual Durval Ângelo (PT), que acusou o presidente da Câmara Municipal, vereador Ley do Trânsito (PSD), de ser o responsável pela morte de seu irmão, Rodrigo Neto, a Tecnóloga em Radiologia, Lilian Rodrigues, se mostrou indignada com a postura do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Rodrigo Neto, de 38 anos, era repórter da editoria de polícia do Vale do Aço e também da Rádio Vanguarda, tendo sido assassinado em circunstâncias misteriosas e ainda não esclarecidas, no último dia 8 de março, ao sair de uma barraca de churrasquinho no bairro Canaã.

Casada com um engenheiro metalúrgico funcionário da Usiminas e atualmente residindo em Itaúna, a irmã de Rodrigo Neto não poupou críticas ao deputado: “Quem muito podia ajudar, mais atrapalha. Se o Durval sabia mesmo que o Rodrigo corria tanto perigo de vida, por que ele não fez nada para proteger meu irmão? Este deputado está é querendo aparecer em cima da nossa dor, da morte do Rodrigo. Ele fica buscando holofotes para si sem se importar com nossa família, com o nosso sofrimento. Em momento algum ele nos procurou para saber se precisávamos de algo e se ele poderia nos ajudar de alguma maneira. Esta acusação, da forma como foi feita, só pode ser uma alternativa que ele encontrou para aparecer politicamente, o que é um absurdo. Gostaria que ele respeitasse a dor de nossa família. Queremos, sim, a apuração da morte do meu irmão, mas não podemos aceitar que utilizem este momento de dor e angústia para tirarem dividendos políticos e ainda destruírem uma outra família, como ele está tentando fazer com a do Ley”, desabafou.


“Grande covardia”

Lilian Rodrigues diz que seus familiares sabiam da amizade entre Ley e Rodrigo e que todos confiam muito no presidente da Câmara Municipal de Ipatinga. “Ninguém na minha família acredita nesta história absurda do envolvimento do Ley na morte do meu irmão. O Rodrigo era uma pessoa muito reservada. Tão reservada que as únicas ameaças que nós tínhamos conhecimento que ele havia sofrido são aquelas de conhecimento de todos, a do advogado envolvido em pedofilia e a de um cabo da polícia militar. E a amizade com o Ley o Rodrigo fazia questão de deixar bem clara pra gente”. 

Lilian diz ainda que sua família vê as acusações do envolvimento de Ley do Trânsito na morte de Rodrigo Neto como “totalmente absurdas”. Ele acrescentou: “Nós entendemos que isto é uma grande armação. Nossa família sabia da grande amizade do Rodrigo com o Ley. Inclusive, todos lá em casa votaram no Ley a pedido do Rodrigo. Apenas eu não votei, por estar residindo atualmente em Itaúna. O que estão fazendo é uma grande covardia com a família do Ley e com a nossa, que é muito religiosa. Nós não temos suspeitos da morte do meu irmão e a gente não julga ninguém e nem levanta falso contra ninguém. Deixamos tudo nas mãos de Deus e temos certeza que ele proverá a justiça”, sentencia. 


Dor da família

Ainda de acordo com Lilian, desde a morte de Rodrigo a vida de sua família acabou. “Meu pai não sai do cemitério. Passa o dia, horas e horas lá, à beira do túmulo do Rodrigo. Ele não faz mais nada a não ser chorar a perda do meu irmão. Quem assassinou o Rodrigo acabou também com a minha família. Quero aproveitar a oportunidade para manifestar o nosso apoio e solidariedade com o Ley e sua família. Eu também sou mãe e imagino o que devem estar passando ele, a esposa e os filhos diante destas acusações absurdas do Durval Ângelo. Mas nós temos a firme convicção de que muito em breve a equipe responsável pelas investigações, na qual nós acreditamos muito, irá apontar os verdadeiros culpados pela morte do Rodrigo Neto e pela destruição de nossa família. E aí, a justiça será feita”, finalizou. 



Presidente da Amagis 
responde críticas de 
deputado a juiz local




Luiz Costa



PARA HERBER CARNEIRO, “não estamos lidando com policiais, mas com bandidos, que, infiltrados ou não, são os verdadeiros inimigos da sociedade”
DA REDAÇÃO - A diretoria da Amagis divulgou nota, na tarde desta segunda-feira (20), durante ato de desagravo, no Fórum de Ipatinga, aos ataques feitos ao trabalho dos magistrados da comarca. “Mais uma vez, a Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) vem a público para manifestar sua solidariedade à magistratura da Comarca de Ipatinga e repudiar as calúnias assacadas contra os juízes do Vale do Aço, especialmente ao trabalho sério e devotado do juiz Antônio Augusto Calaes de Oliveira, titular da 2ª Vara Criminal da Comarca de Ipatinga”, pontuou a nota assinada pelo presidente da Amagis, Herbert Carneiro, distribuída no ato público que contou com o apoio e solidariedade de várias instituições como a OAB, Defensoria Pública, Polícias Civil e Militar. 
Referindo-se ao juiz Calaes, o presidente da Amagis diz: “Como juiz criminal e, depois, como desembargador da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, acompanho, desde 97, sua atuação compromissada e independente, imprescindível a um Judiciário operoso e cada vez mais forte. Foram 16 anos construídos com dignidade e respeito às leis e à Constituição e aos valores permanentes da sociedade, dos quais 10 anos dedicou, com lisura, à área criminal. Apesar de todos os percalços, adversidades e ameaças - e até dos apelos de familiares, para mudar de Vara -, o juiz Antônio Augusto Cales de Oliveira manteve-se firme em sua missão e vocação, convencido de que a força do Judiciário está na independência de cada magistrado e que é fundamental dar sua contribuição no combate à criminalidade”.
A nota continua com o seguinte conteúdo, agora citando o parlamentar que formulou as críticas: “Ao contrário das falsas acusações feitas pelo deputado estadual Durval Ângelo, não há conivência deste juiz, ou de qualquer outro, com policiais suspeitos de envolvimento com o crime. Tanto é que, nos últimos quatro anos, dois policiais militares foram condenados por homicídios, além de um terceiro, que foi levado a júri, mas foi absolvido, destacando-se que este último ainda foi pronunciado em outros dois processos, aguardando os trâmites legais para designação de novos júris. O Judiciário só pode decretar prisões depois que a Polícia Civil e/ou o Ministério Público apontarem os autores por meio de provas suficientes. Como medida de exceção, a preventiva só deve ser adotada para a elucidação de crimes, ou quando sustentada por latentes circunstâncias, e não por conta de rumores ou ‘por ouvir dizer’. O juiz julga à luz da lei e não pode ser responsabilizado pela omissão de terceiros. Houve indeferimento de preventiva em apenas duas ocasiões, que foram fundamentados e justificados pela fragilidade dos indícios arregimentados pela polícia judiciária. Defender o cidadão e os direitos humanos é respeitar o constitucional direito à defesa e o respeito às leis para que outras injustiças não sejam cometidas em nome das anteriores.
Não estamos lidando com policiais, mas com bandidos, que, infiltrados ou não, são os verdadeiros inimigos da sociedade. Para combatê-los, é preciso de união, inteligência, força-tarefa, vontade política e envolvimento do poder público e da sociedade, confiando sempre que o estado de direito prevalecerá sobre a barbárie”, finaliza Herbert Carneiro, presidente da Amagis.

Fonte: JVA

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