domingo, maio 19

Compulsão por compra é uma doença que atinge seis milhões de brasileiros


Personagem vivida por Giovanna Antonelli na novela Salve Jorge sofre de oneomania
A cada Réveillon, a promessa é renovada:comprar menos no próximo ano, economizar algum recurso e, com isso, trocar o carro modelo 98 por um zero km. Mas, ano após ano, o objetivo fica pelo caminho por conta dos inúmeros calçados, roupas e acessórios comprados compulsivamente e que mal cabem nos três guarda-roupas da casa de uma mulher de 43 anos, que não quer ser identificada.

A contadora, que já chegou a acumular mais de 50 pares de botas – vários deles nunca foram usados. “Tento sempre me comprometer a gastar menos, principalmente quando um novo ano vai entrar, mas fico só na promessa. Adoro comprar roupas, sapatos e acessórios para mim, para meu marido e meus filhos, e sempre dou um jeito de pagar depois”, disse.

Um dos guarda-roupas de seis portas, conta ela, é utilizado apenas para colocar roupas de inverno. Ela não faz ideia de quantas peças possui. “Minhas sobrinhas, cunhadas e primas sempre se beneficiam por conta do meu excesso. Acabo dando para elas várias peças de roupas e sapatos que nunca foram usadas”, disse.
A situação relatada não é exclusividade da contadora. Ela faz parte de um grupo que representa 3% da população brasileira, ou seja, 5,7 milhões de pessoas, que sofrem de um distúrbio chamado oneomania.

A doença é um transtorno psiquiátrico marcado pela vontade excessiva de comprar, conforme foi retratado na novela “Salve Jorge”, da TV Globo, pela a atriz Giovanna Antonelli, que teve seu último capítulo reprisado neste sábado (18). Sua personagem, a delegada Helô, passa por problemas pessoais em casa, tem um trabalho estressante e, usa como a válvula de escape, o shopping e as lojas.

Na trama, Helô, sempre chega em casa com uma sacolinha e até esconde as compras em armários ou embaixo da cama, para nem olhar as mercadorias. Esses sintomas são sinais de compradores excessivos, segundo a psicóloga Adriana Silvestre. “A maioria das pessoas que sofrem desse distúrbio compra por impulso e depois se arrepende. É um transtorno que vem para suprir um vazio interior da pessoa”, disse a psicóloga.

A contadora, que já procurou tratamento médico, disse que não consegue parar de comprar. Sempre gasta mais que seu salário e tem que pedir ajuda para o marido. “Eu gasto mais do que posso e acabo me endividando, principalmente com o cartão de crédito”, afirmou.
Adriana Silvestre alerta para o sentimento de culpa após compras
Transtorno é aceito socialmente
De acordo com a psicóloga Adriana Silvestre, o distúrbio da oneomania é um problema social. “Se você está triste ou ansiosa e pergunta para uma amiga o que você deve fazer para amenizar o problema, certamente ela vai te responder: Vai fazer compras, que passa. Essa é uma reação normal e imperceptível, que faz parte do comportamento humano, porém, dar esse conselho para um comprador excessivo gera sofrimento, pois depois da compra vem o sentimento de culpa: por que comprei? Nem preciso desse item, nem combina comigo e, normalmente a compra é descartada e pode até se tornar um presente para um amigo ou outra pessoa”, disse.

Outro fator que contribui para o transtorno são as promoções. Elas são alvos certos do oneomaníacos, que normalmente ficam sem o controle sobre a situação quando veem uma placa indicando descontos nas mercadorias. Eles perdem várias horas dentro de lojas e deixam até compromissos importantes de lado para adquirir produtos que nem precisam. “Esses consumidores podem gastar sem controle, principalmente se forem bem atendidos pelos vendedores e, às vezes, nem têm dinheiro para quitar as compras”, afirmou a psicóloga.

Fonte: correiodeuberlandia

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