Um dirigente da Juventude do PT responsável por dois atos de defesa dos condenados no mensalão – a arrecadação de fundos
para o pagamento de multas e um recurso na Organização dos Estados
Americanos (OEA) – tenta assumir a liderança das manifestações que
tomaram as ruas de Brasília e o Congresso Nacional. Pedro Henrichs
integra a diretoria da Juventude do PT no Distrito Federal.
Ele foi um dos organizadores de um jantar em janeiro deste ano para arrecadar dinheiro
a quatro petistas condenados no julgamento do mensalão: o
ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu; o deputado federal José
Genoino (PT-SP); o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares; e o deputado
federal João Paulo Cunha (PT-SP). Eles foram condenados pelos ministros
do Supremo Tribunal Federal (STF) ao pagamento de multas que somam R$
1,8 milhão. Dirceu, Genoino e Delúbio foram condenados a pena de prisão
por corrupção ativa e formação de quadrilha. A condenação de João Paulo
ocorreu pela prática dos crimes de corrupção passiva, lavagem de
dinheiro e peculato.
Na OEA, Henrichs entregou uma carta em que
contesta o resultado do julgamento. Ele viajou a Washington, nos Estados
Unidos, para apresentar o recurso, também em janeiro deste ano.
O
dirigente da Juventude do PT foi hostilizado pelos manifestantes que
ocuparam o Congresso Nacional na noite de segunda-feira, 17. Vestindo
uma camiseta do partido, Henrichs assumiu a liderança das negociações
com a direção e a Polícia Legislativa da Câmara e do Senado. Chegou a
apresentar uma pauta de reinvidicações, dentro do Congresso.
Quando
se dirigiu para a frente das duas Casas, onde estavam os ativistas que
forçavam uma entrada na Chapelaria (por onde entram deputados e
senadores), Henrichs recebeu fortes vaias e foi desautorizado a
continuar as negociações por centenas de manifestantes.
– Tira essa camisa, você não nos representa! – gritaram os ativistas.
Um
pouco antes, ainda na passeata até a chegada ao Congresso, os
manifestantes já haviam expulso militantes do PSTU. Em todos os
protestos até agora, vem prevalecendo a ideia de que os atos são
apartidários. Políticos do PT, como a própria presidente Dilma Rousseff,
são alvos das manifestações. O discurso de combate à corrupção e de
defesa da ética é um dos mais recorrentes nas palavras de ordem.
–
Estamos fazendo uma avaliação com a direção do PT sobre o que ocorreu.
Estava representando ali a Juventude do PT. Acredito que há clima para a
participação dos partidos – disse Henrichs ao GLOBO nesta terça-feira.
O petista afirma que pretende “agregar bandeiras e organizar pautas” e defende a permanência da Juventude do PT em comissões de negociações, pela “experiência em organizar movimentos sociais”:
–
Dirceu, Delúbio, Genoino e João Paulo foram condenados sem provas.
Defendê-los não tira a legitimidade da minha participação nos protestos.
Henrichs voltou a criticar os milhares de manifestantes que tomaram o Congresso, como já havia feito na noite de segunda:
–
O pessoal está experimentando democracia agora, empunha cartazes para
qualquer coisa. Esse movimento não tem cara e não tem liderança. Há 40%
de despolitizados, são anarquistas e roqueiros que acham que os partidos
não precisam existir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário